REABILITAÇÃO DE PALACETE NA AV. FONTES PEREIRA DE MELO, LISBOA

A área de intervenção situa-se no cruzamento da Avenida Fontes Pereira de Melo a poente, com Rua Andrade Corvo a sul, ocupando uma área de cerca de 1375 m2.
O conjunto é composto por duas unidades edificadas, o Palacete, ou antiga residência do promotor, implantado no gaveto e um Anexo Residencial localizado na extremidade nascente, resultante da ampliação da antiga Garagem do edifício. Na mediação destas duas unidades, situa-se um logradouro com acesso por ambas as artérias confinantes, correspondendo a área do antigo Jardim da casa.
O conjunto edificado, projetado pelo Arq. Norte Júnior, em 1910, como habitação própria de José Maria Moreira Marques, constitui-se como uma obra singular da Arte Nova em Portugal, cuja relevância, foi reconhecida ainda em 1914 através da atribuição do Prémio Valmor.
O edifício foi habitado regulamente entre 1915 e 1945. Na década de 1950 o edifício foi adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa e nessa mesma década o Metropolitano de Lisboa, instala aí a sua sede. Ao longo das décadas que se seguiram, foram sendo feitas obras de adaptação do edifício em função das atividades administrativas e de representação realizadas no imóvel.
O Palacete compreende um nível em cave e três níveis acima do solo.
O nível em cave, implantado cerca de 1,20 metros abaixo do nível solo, contém um conjunto de dependências de apoio, destacando-se a área de cozinha, a área de cofre e o amplo espaço no miolo do edifício, destinado a ringue para patinagem e ginásio.
O primeiro nível acima do solo corresponde ao piso nobre do Palacete. A entrada principal é realizada através da Av. Fontes Pereira de Melo. Destacando-se a antecâmera de entrada, salas e salões com estuques e madeiras trabalhadas e a sumptuosa escadaria de acesso ao nível superior. A escadaria é caracterizada por um primeiro lanço que promove a subida à altura de meio-piso, desmultiplicando-se depois em dois outros lanços simétricos, dispostos nas extremidades desta área. Ao longo da subida, delimitada por balaustradas e estatuetas, é possível vislumbrar as pinturas em tempera evocativas da Baía e Guanabara.
O segundo nível, replica a tipologia do piso de entrada, integrando um conjunto de compartimentos destinados a quartos e áreas de apoio, em torno da escadaria principal. Neste nível, a luz coada pela ampla claraboia existente sobre a escadaria, expande-se pelas áreas de circulação.
O terceiro nível, cujo acesso se processa exclusivamente pelo núcleo vertical de serviço, é caracterizado pelas áreas esconsas da cobertura, dispondo de uma ampla sala de mirante, voltada para a Avenida Fontes Pereira de Melo.
O programa do projeto de Arquitetura de intervenção no edifício resulta de um levantamento rigoroso e exaustivo do edifício e identificação das principais intervenções a realizar no edifício, prendendo-se essencialmente com a necessidade de acomodar o impacto da integração das infraestruturas, designadamente climatização e instalações elétricas; a renovação dos núcleos de casas de banho e intervenções corretivas e de restauro a realizar.

Arquitetura Paulo Tormenta Pinto
Colaboração Rosa Maria Bastos, Maria de Novais e Bernardo Vicente
Estruturas Miguel Villar/ BETAR, Lda
AVAC José Galvão Teles
Projeto/ Construção
2022 / –
Fotografia
Maria de Novais e Bernardo Vicente