REABILITAÇÃO E ADAPTAÇÃO DE EDIFÍCIO NA RUA DE SÃO MIGUEL, PORTO
A Rua de São Miguel, onde se situa o conjunto edificado, corresponde ao eixo principal da antiga judiaria do Olival. Esta foi a última judiaria do Porto e existiu durante 111 anos dentro das muralhas Fernandinas.
O conjunto existente é constituído por uma volumetria edificada e por um logradouro. A entrada processa-se pela Rua de São Miguel (a norte). O logradouro confronta a sul com a Rua da Vitória, através de um desnível contido por um muro de suporte. Voltada para a Rua de São Miguel, a volumetria integra um corpo principal que se caracteriza por um alçado longitudinal, contrariando a morfologia mais comum dos edifícios do centro histórico do Porto, em regra definidos por estreitas fachadas. É possível concluir que ao longo dos anos, as áreas edificadas foram alvo de sobreocupação e de acrescentos pouco qualificados.
O projeto desenvolvido pressupõe uma operação urbanística de ampliação. A cércea será mantida, bem como a morfologia do edificado, tal como hoje se apresenta. Em traços gerais a proposta divide-se em duas ações específicas, uma delas referente ao conjunto edificado existente e uma outra correspondente a uma intervenção na zona do muro da Rua da Vitória. Na sua totalidade o projeto prevê a construção de 8 fogos, sendo 6 T0 e 2 T1. A reabilitação e adaptação da volumetria edificada implica um trabalho prévio de limpeza e demolição, visando manter os elementos estruturais principais, como sendo as paredes mestras de aparelho de granito que se desenvolvem na profundidade da área de intervenção.A integridade arquitetónica do corpo principal voltado para a Rua de São Miguel será mantida, com ligeiros ajustamentos.As alas laterais serão igualmente preservadas na sua volumetria. No alçado tardoz, serão demolidos os acrescentos em betão e alvenaria de tijolo e reconstruídos os vãos com base na monotonia existente.
O projeto prevê na sua globalidade a estabilização e consolidação da volumetria edificada existente. O uso de elementos estruturais completares em betão armado insere-se nessa mesma derivada, prevendo-se que a sua utilização seja seletiva e restrita ao mínimo essencial. Tanto quanto possível, serão reintroduzidas tecnologias tradicionais, nomeadamente ao nível de alvenarias e revestimentos em pedra, rebocos à base de cortiça, pavimentos e caixilharias em madeira e revestimentos e coberturas em telha. As opções construtivas associadas aos novos aspetos morfológicos (nomeadamente ao nível do corpo edificado voltado a sul), contribuem para a integração da operação no contexto da matriz da cidade do Porto, voltada para o rio Douro.

Arquitetura Paulo Tormenta Pinto
Colaboração Rosa Maria Bastos, João Maria Costa, Bruna Moreira e Maria de Novais
Hidráulica Rita Duarte/ BETAR, Lda
Estruturas Miguel Villar e Paulo Mendonça/ BETAR, Lda
AVAC José Galvão Teles
Acústica Paula Martins
Gás Augusto Neves Teixeira
Eletricidade e Telecomunicações João Mira/ OHMSOR
Elevadores Rui Batista
Projeto/ Construção 2019 / –
Fotografia Maria de Novais e Bernardo Vicente