PRÉMIO TEOTÓNIO PEREIRA 2016 (Menção Honrosa)

O bairro do Lagarteiro é um conjunto de habitações de interesse social projectado para a periferia do Porto, na década de 1970. O desenho do Lagarteiro, à semelhança de outros projectos da época, obedeceu a uma matriz seguida pelo município do Porto, que correspondia a edifícios habitacionais de quatro pisos, uma escola primária e um complexo desportivo. Esse modelo resulta do Plano de Melhoramentos da Cidade, lançado no final da década de 1950. O principal objetivo do plano era o realojamento de pessoas que viviam em condições precárias nas ‘ilhas’ do centro da cidade do Porto. Esta política antecede a metodologia participativa do SAAL (Serviço Ambulatorial de Apoio Local), delineado por Nuno Portas, enquanto Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, entre 1974 e 1976. O Lagarteiro integra treze blocos, implantados de acordo com um esquema adaptado à topografia dos antigos campos agrícolas que caracterizavam a área à época. Os edifícios foram projectados em 1973 e 1976 por Domingos Faria (blocos 1 a 8) e Florêncio Neto de Carvalho (blocos 9 a 13), respectivamente, como técnicos municipais. Passaram-se quase 50 anos após a construção do Lagarteiro. O projeto de reabilitação permitiu inverter a situação de degradação dos edifícios. Hoje o local superou o seu estigma periférico, estando muito mais conectado com o centro da cidade. A intervenção arquitectónica contribuiu para a melhoria das condições de vida dos habitantes do Lagarteiro. O projeto previa renovação de fachadas, fechamento de escadas; alteração de telhado, substituição de janelas e portas; abastecimentos de água, eletricidade e gás, incluindo novas redes de comunicação e espaço público. Após a intervenção, o bairro do Lagarteiro tornou-se um local mais sustentável, estimulando a qualidade de vida urbana.